tag:blogger.com,1999:blog-1638260549000942382024-03-13T00:05:32.574-03:00ParadoxosDanilohttp://www.blogger.com/profile/01895402009760827681noreply@blogger.comBlogger69125tag:blogger.com,1999:blog-163826054900094238.post-31270786942145050382013-09-27T20:02:00.003-03:002013-09-27T20:47:52.949-03:00VingançaEram 6h15min quando seu ônibus parou no ponto. Como de costume, estava cheio. Ela colocou a bolsa à frente do corpo e foi se espremendo para passar pela roleta. Encontrou um lugar e tentou se segurar ao tempo que o motorista arrastava. Sabia que seriam mais duas horas até chegar ao seu destino. Lá na frente, um homem citava trechos da bíblia. Ao parar no ponto, entrou um ambulante vendendo canetas. Já estava cansada mesmo antes de começar a trabalhar. A dura rotina castigava seu físico e sua mente. Desejou estar em casa, deitada em sua cama, enrolada nos lençóis. Mas não tinha o que fazer e afastou esse pensamento. O ônibus parou em outro ponto e mais pessoas entraram. Uma criança vomitou no banco de trás e o cheiro, misturado com o calor, era cada vez mais insuportável. Uma mulher entrou e se alojou ao seu lado. Tentando marcar território, enterrou o cotovelo em suas costelas. Olhou feio, mas como não queria briga àquela hora da manhã, não disse nada. A mulher, como se notasse a sua irritação, empurrava-a cada vez mais para o lado. Mudou de lugar e, ao se instalar no novo canto, vagou um lugar bem à sua frente. Encarou a mulher que a empurrara e sentou-se. Estava vingada.
Danilohttp://www.blogger.com/profile/01895402009760827681noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-163826054900094238.post-19095153849031313532013-08-20T20:37:00.000-03:002013-08-20T20:37:24.300-03:00TangerinaHavia saído de casa para comprar pão quando a viu. Ela estava parada numa banca que vende frutas. Procurava por tangerina. Ela havia sonhado com tangerina e passou o dia todo com vontade de comer. Como não tinha, saiu andando, chateada por não ter seu desejo realizado. Ele saiu atrás dela e disse q estava feliz em vê-la. Fazia mais de um ano desde a última vez que se viram. Ela sorriu. Disse que era sempre bom vê-lo e que era uma pena estarem tão distantes. Puxou-a pelo braço para perto de si e deu-lhe um cheiro longo em seu pescoço. Não queria mais sair dali. Arrepiou-se com os pelos da sua barba. Afastou-se por um momento e tornou a abraçá-lo. Ela também não queria mais sair dali.Danilohttp://www.blogger.com/profile/01895402009760827681noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-163826054900094238.post-69141322464291286572013-07-25T09:53:00.003-03:002013-07-25T09:53:30.043-03:00CansadoFechou a porta do quarto e deitou na cama. Aquela mensagem o deixara chateado. Havia errado e tinha consciência disso. Mas estava cansado. Cansado de a todo momento ter que provar que a amava. Cansado de ser 100%, de nunca poder errar, com receio de ser mal interpretado. Cansado das brigas ao telefone. Cansado de si mesmo. Pensou em desistir. Uma ligação e teria resolvido tudo. Seria mais fácil ficar só do que ter que reconquistar a confiança. Mas o sentimento era mais forte. Não queria e não conseguiria ficar sem ela. Se combinavam, apesar de diferentes. Sentiria falta dos charminhos, das tardes na cama, das brigas de almofadas, da demora em sair porque ela tinha que falar, e beijar, os cachorros da casa e de como ela se aninhava no seu peito e não deixava espaço para ele em sua própria cama. Sentiria falta do que era bom e do que era ruim também. Desistiu de desistir. A amava muito e por isso encontrou forças para continuar.Danilohttp://www.blogger.com/profile/01895402009760827681noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-163826054900094238.post-64730880156454887502013-01-21T11:16:00.002-03:002013-01-21T11:16:34.079-03:00TáxiEstava sentado na varanda de casa. Numa mão, uma caneca de café e na outra um cigarro. Lembrava daquela moça que havia conhecido anos atrás e que nunca voltou a ver. Havia passado bastante tempo e muitas coisas e pessoas passaram por sua vida, mas nunca conseguiu esquece-la de verdade. Depois de tanto tempo, passou a pensar nela todos os dias. Tinha os seus contatos, mas nunca se atreveu a ligar ou a mandar um e-mail. Tinha medo de ela nao lembrar dele e daquele breve momento que passaram juntos. Lembrou da sua boca gelada na despedida e do sorriso de menina. Como ela estaria agora? Bonita, com certeza. Mulheres como ela sempre venciam o tempo. Ao contrário dele. Havia envelhecido. Envelheceu e esqueceu de viver. Esqueceu ou talvez não tivesse coragem para isso. Sera que ela o esperou? Por quanto tempo teria sido isso? Prometeu voltar, jogar tudo para cima, mas nunca o fez. Acendeu outro cigarro. Pegou o celular e olhou por alguns instantes a foto dela nos seus contatos. Escreveu um texto rápido e enviou: "Eu nunca deveria ter deixado vc entrar naquele táxi".Danilohttp://www.blogger.com/profile/01895402009760827681noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-163826054900094238.post-52625415489034264722013-01-21T11:13:00.002-03:002013-01-21T11:13:10.084-03:00Mais um mêsO dia havia amanhecido cinza, mas por um motivo, para ele, não havia a menor importância. Havia acordado cedo para trabalhar, já pensando na volta. Recebeu uma mensagem dela desejando bom dia e felicitando pela data especial. Sorriu para si mesmo, desejando que as horas passassem. Durante todo o tempo, trocaram mensagens e no final do dia, saiu para vê-la. No caminho houve um acidente, a rua alagou, todos os sinais estavam fechados e o que era para ser minutos, se tornaram horas. Qdo finalmente chegou, ela já estava dormindo. Mas não importava. Deu-lhe um beijo no rosto, disse que a amava e adormeceu ao seu lado, feliz por estarem mais um mês juntos.Danilohttp://www.blogger.com/profile/01895402009760827681noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-163826054900094238.post-19427255143178311912012-12-20T22:55:00.002-03:002012-12-20T22:55:41.604-03:00O que é o fim?Aquela mensagem recebida já era o prenuncio do que estava por vir. Passou três dias angustiado, sem saber realmente o que iria acontecer. No horário marcado, saiu de casa preparado para o pior. Sabia que tudo que começa, um dia tem que acabar. Mas as vezes não nos preparamos para o fim. Afinal, o que é o fim? Conclusão, morte, objetivo a ser alcançado... Sabia o significado da palavra, mas não entendia como e por que esse fim acontecia. No caminho se perguntava o tempo todo se não haveria alguma alternativa, mas não conseguia enxergar nada além do óbvio. Havia acabado. Tantos anos, tanta luta por aquilo que acreditava para chegar ao momento derradeiro. Ao chegar, viu os semblantes sérios daqueles que faziam parte da sua vida. Alguns com lágrimas nos olhos, outros de cabeça baixa. Percebeu que seus temores não eram sem sentido. Que aquilo era real. Sentiu o clima tenso e resolveu não se pronunciar. Estava feito. Não havia como voltar daquela situação. Só lhe restou calar-se e terminar de ouvir o que diziam. Ao terminar, levantou, abraçou algumas pessoas, tentou dizer algo que animasse os mais tristes, mas era inútil. Nem ele acreditava no que estava dizendo. Foi tomado por uma tristeza aguda. Vagou pelas salas vazias. Despediu-se do seu palco. Despediu-se de onde se sentia em casa. Do café quentinho, dos sorrisos, das brincadeiras, até mesmo das chateações. Tudo fez parte do seu crescimento. Chorou um pouco sozinho. Não queria que as pessoas vissem. Os abraços, as trocas de telefone, a despedida. Não tinha estômago para isso. Esvaziou seu armário. Guardou tudo cuidadosamente. Ao sair, olhou pela última vez aquele lugar que lhe serviu de escola. Pois sabia que havia aprendido muito mais do que ensinado. Aprendeu a ser pai, irmão, filho, professor. O que faria agora, não saberia dizer. Mas como o fim é apenas uma passagem, tinha certeza que uma hora encontraria seu caminho. Danilohttp://www.blogger.com/profile/01895402009760827681noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-163826054900094238.post-55591681985583358152012-10-02T10:55:00.005-03:002012-10-02T10:55:40.825-03:00Vizinhos de portaAcordou assustado com a campainha do seu apartamento tocando insistentemente. Pulou da cama, viu que o relógio marcava 6h30min e foi até a sala para ver que seria naquela hora de sábado. Ao abrir, deparou-se com sua vizinha de porta, vestido pijama e usando pantufas nos pés. – Posso me deitar com você? – Pediu ela. Abriu passagem e ela correu para o seu quarto e deitou em sua cama. Ele a acompanhou e deitou ao seu lado. – Preciso de um abraço. Acordei precisando me sentir em segurança. Ele abraçou-a e dormiram assim pelo resto da manhã.Danilohttp://www.blogger.com/profile/01895402009760827681noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-163826054900094238.post-23264703407230477172012-10-02T10:55:00.002-03:002012-10-02T10:55:18.322-03:00InspiraçãoTentou durante algumas semanas escrever a poesia que ela lhe pedira. Sentou-se á sua mesa, caneta na mão, papel em branco, mas não conseguiu. Ela, sempre cobrando, dizia: - Você não me ama mais! Antigamente escrevia para mim. Ele continuava a tentar, mas era em vão. Um dia, andando pelas ruas, começou a pensar no porquê de amá-la. Lembrou de quando se conheceram. Aquele sorriso de menina o atraía. As conversas por celular que varavam a madrugada, nas quais ela ria como criança e fingia chorar quando ele dizia que ia desligar. Lembrou do primeiro beijo, da primeira vez, da primeira viagem, da primeira briga e de como eles discordavam de tudo, quase sempre. Percebeu então que a amava por todas essas coisas e por todas as diferenças. Porque, justamente essas diferenças, os faziam iguais. E assim, conseguiu escrever.Danilohttp://www.blogger.com/profile/01895402009760827681noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-163826054900094238.post-4734911890715224042012-10-02T10:54:00.005-03:002012-10-02T10:54:59.741-03:00CabisbaixoAndava sempre de cabeça baixa quando estava na rua. Talvez para não tropeçar em algo ou talvez porque tinha medo de encarar as pessoas. O fato é que sempre fora a mesma coisa. Muito tímido desde criança, não tinha coragem de olhar as pessoas nos olhos. No trabalho, seus colegas mal notavam a sua presença. No prédio onde morava, ninguém o conhecia. Pagava o condomínio em dia, não recebia visitas, não ouvia som alto, não existia. E assim vivia sua vida, sem se envolver com ninguém e sem pensar muito nessa sua condição. Mas um dia, seguindo sua rotina de andar cabisbaixo, chocou-se contra alguém. Sentiu uma forte dor na testa. Quando abriu os olhos, viu as pontas dos sapatos, a barra da saia, a blusa decotada, o pingente em formato de coração, os lábios, o nariz e pela primeira vez na vida, os olhos de uma mulher. Foi então que ele encontrou o amor.Danilohttp://www.blogger.com/profile/01895402009760827681noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-163826054900094238.post-60913648517839302932012-10-02T10:54:00.002-03:002012-10-02T10:54:19.933-03:00Hoje, agora e sempre- Poxa, amor. Você nem disse que me ama hoje... – Diz ela, deitada ao seu lado.
- Eu te amo hoje – Ele responde, dando-lhe um beijo no rosto.
- Não dá para ser romântico, não? É assim que você fala?
Ele se aproxima e diz no seu ouvido:
- Eu te amo hoje, agora e sempre!
Ela abriu um longo sorriso e ganhou o dia.
Danilohttp://www.blogger.com/profile/01895402009760827681noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-163826054900094238.post-58188286085820474432012-08-17T22:52:00.001-03:002012-08-17T22:52:55.941-03:00Adivinha quem é?- Adivinha quem é? – disse ela tapando os seus olhos. Ele obviamente reconheceu a sua voz, seu cheiro e seu toque. – Não faço idéia – disse ele, virando-se para ela. Levantou-se e lhe deu um longo abraço e um beijo na boca. – Saudades de você, meu amor! Que surpresa! Não sabia que estava vindo. Por que não me avisou? Poderia ter ido lhe buscar no aerop... Sem deixá-lo completar a frase, ela o puxou e lhe beijou. – Vou ficar só até amanhã de manhã. Queria fazer uma surpresa – disse ela. Passaram o dia juntos. Caminharam e conversaram muito sobre tudo. Ele não podia acreditar que estava passando aqueles momentos especiais ao lado dela. Começou a chover forte e eles se abrigaram em um bar. Ela pediu para ir ao banheiro e enquanto se afastava ele, admirado, percebia o quão apaixonado estava. Quando ela retornou, a chuva já havia parado. Saíram para caminhar mais um pouco e um grupo de crianças separou-os. Enquanto o grupo passava, ele a olhava sorrindo. Adorava o jeito como ela sorria. Fazia umas covinhas. O grupo foi passando e a distância entre os dois aumentava. Tentou segurar sua mão, mas não alcançava. Cada vez ela ia ficando mais longe. Tentou novamente alcançá-la, mas sem sucesso. Ela ia ficando mais e mais longe, até que sumiu. Acordou sobressaltado e não conseguiu tirá-la da cabeça durante o resto do dia.Danilohttp://www.blogger.com/profile/01895402009760827681noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-163826054900094238.post-11565400904756367512012-08-17T20:43:00.000-03:002012-08-21T10:43:57.275-03:00Quatro olhosNa volta para casa, depois de um dia cheio, foi pensando nas coisas que lhe aconteceram nos últimos tempos. Desceu do ônibus cheio e foi caminhando para casa. Havia chovido e ele adorava o cheiro de terra e asfalto molhados. Passou o dia mal. Estava insatisfeito com o seu trabalho, seu relacionamento, consigo mesmo, com o mundo. O que poderia fazer para resolver? Por que seus amigos eram bem sucedidos e ele era tão fracassado? Sentiu um nó na garganta e começou a chorar. Estava escuro e chuviscava um pouco. Ninguém veria suas lágrimas. Sentou-se num banco, tirou os óculos e enxugou os olhos. Quando achou que estava perdido, sentiu alguém tocar-lhe o ombro. Olhou para cima e viu um velhinho, que sorrindo disse-lhe: - Você é o homem mais feliz do mundo. Sabe por quê? Ele abanou a cabeça, negando. - Porque você tem quatro olhos: dois para ver e dois para enxergar.Danilohttp://www.blogger.com/profile/01895402009760827681noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-163826054900094238.post-4379944941938677892012-07-04T09:01:00.002-03:002012-07-05T09:51:03.928-03:00Paga pra mim- Moça, me deixa falar?
- Não tenho dinheiro.
- Não é isso, me deixa falar. É q...
- Já disse que não tenho dinheiro. Se tivesse, lhe dava.
- Não é dinheiro, eu quero comprar uma quentinha. Estou com fome.
- E para isso não precisa de dinheiro? Eu não tenho.
- Deixa eu falar! Eu quero uma quentinhaaaaaaaaaaaa! Por favooooooor!
- Não! Já disse que não!
Passados alguns instantes, o ônibus parou no ponto e ela subiu correndo atrás de uma rapaz que havia subido:
- Paga pra mim, moço! Pagaaaaaaaaaaa! Paga pra mim!
- Vou pagar nada para você, sua maluca!
- Tá bom! - E desceu do ônibus.Danilohttp://www.blogger.com/profile/01895402009760827681noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-163826054900094238.post-33532905315242054642012-06-11T23:28:00.001-03:002012-06-11T23:28:13.287-03:00Não, ninguém quer!Ele já estava no ponto há quase uma hora quando o ônibus chegou. Não estava muito cheio, mas todos os lugares estavam ocupados. Como já era previsto, ninguém pediu para segurar sua mochila. Ficou em pé, próximo à porta de saída. Estava exausto. O dia havia sido cheio. O ônibus parou em outro ponto e entrou um ambulante que dizia: - Pessoal, desculpe incomodar o silêncio da viagem de vocês. Estou aqui com o passatempo da viagem. É cinqüenta centavos! É três por um real ou um vale transporte. É QUA-LI-DA-DE! Não deixem de comprar. Sabia que o rapaz estava trabalhando, mas encontrava-se tão cansado que não suportava aquele falatório. Não tinha mais paciência. Só queria chegar em casa. Quanto mais tentava abstrair, mais alto o vendedor falava. Foi quando um homem que estava sentado em um dos acentos preferenciais começou a gritar: - Não, ninguém quer! Não, ninguém quer! Não, não, não, não, não, ninguém quer! Não, não, não, ninguém quer! Chega de tanto querer! E expulsou o pobre do ambulante de dentro do ônibus.Danilohttp://www.blogger.com/profile/01895402009760827681noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-163826054900094238.post-48140658969739387242012-05-31T22:06:00.002-03:002012-05-31T22:06:12.058-03:00Medalha de prataFoi para a faculdade naquele dia se sentindo diferente. Colocou um vestido novo, se maquiou, calçou um salto alto que acentuava suas pernas e saiu de casa. No caminho, atendeu o celular. Era ele, dizendo que iria buscá-la no final da aula. Ficou feliz, apesar de não ter entendido o motivo. Ele tinha uma voz séria ao telefone. Ao descer do ônibus, recebeu um elogio. Percebeu que alguns homens paravam para lhe olhar. Sentiu-se bem. Sentia-se linda. Assistiu à aula que mais gostava e viu que o professor olhava para suas pernas. Não procurou esconder, mas também não deu sinal de que havia notado. Próximo do final da aula recebeu um torpedo: - Cheguei – era a única palavra escrita. Ele nunca se atrasava. Esperou a aula terminar e foi ao seu encontro. Perguntou se poderia dar carona a um colega, mas ele negou. Disse que precisava conversar a sós. Entrou no carro preocupada. Ele estava muito sério. Não havia nem comentado o quanto ela estava bonita. No meio do caminho, ele cortou o silêncio: - Precisava falar com você hoje. Sem falta. Por isso não dei carona a seu colega. É coisa muito séria. Ela ficou tensa. Ele continuou: - Vim conversar com você hoje, porque é o dia que você tanto esperou. Hoje é o dia. – Que dia? - Perguntava ela. – O dia! – Respondeu ele, sorrindo pela primeira vez naquela noite. Ela ficou em silêncio por um tempo, procurando entender sobre o que ele falava. Quando gritou: - Mentira!!! – colocando a mão na boca. – É hoje? – Dizia incrédula. – É hoje a medalha de prata? Para o carro agora! Eu preciso te abraçar. E ele parou.Danilohttp://www.blogger.com/profile/01895402009760827681noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-163826054900094238.post-72015733653076733362012-04-17T11:19:00.002-03:002012-04-17T11:27:55.635-03:00Peixes na portaDe dentro do ônibus, ela perguntava aonde estavam indo. Ele deu duas alternativas: shopping ou para onde ele quisesse lhe levar. Ela escolheu a segunda opção. Desceram no ponto e foram andando. Entraram em uma rua que parecia ser uma feira ao ar livre. As pessoas paravam para comprar e obstruíam a passagem, obrigando-os a andar no meio da rua. Pararam em frente a um hotel. O cheiro de peixe que era vendido na frente era insuportável. – É aqui que quero lhe trazer. – disse ele. Ela segurou sua mão e puxou-o para dentro. Enquanto ela viajava no enorme aquário que havia na recepção, ele pagava e escolhia o quarto. Aproximou-se dela e deu-lhe um beijo nas costas. O quarto era agradável, apesar da péssima impressão da entrada do hotel. Cama redonda, espelho no teto, luz baixa... Ao fechar a porta, ela se transformou. Puxou-o para si e beijou-o. Ele subia a mão por suas pernas e puxava levemente seus cabelos. Empurrou-a na cama e deitou-se sobre ela. Tirou sua saia enquanto ela desabotoava sua camisa. Usava uma calcinha de algodão, com desenho de bichinhos. Tinha dezenove anos, mas ainda não se dera conta de que era uma mulher. – Vou ao banheiro. Entrou um cisco no meu olho. – disse ela. Levantou-se e levou longos minutos até retornar. – Você é linda – disse ele, arrancando dela um enorme sorriso. Deitou-se novamente e ele tirou sua blusa. Beijou seus seios e foi descendo pela barriga, cintura e quando tentou tirar sua calcinha, ela não permitiu. Percebeu que ela estava nervosa e disse: - Não tem pressa. O que mais temos é tempo. Após ouvir isso, abraçou-o e não resistiu. Tirou a calcinha, arrancou a roupa dele e se entregou. Passaram o resto do dia naquele quarto. Ela olhava seus reflexos no espelho do teto e fazia de conta que nada mais existia. Estava realmente feliz. Na hora de ir embora, deu-lhe um beijo e disse: - Nada mal! Mas da próxima vez não quero peixes na porta.Danilohttp://www.blogger.com/profile/01895402009760827681noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-163826054900094238.post-46923254887081951422012-03-27T20:10:00.000-03:002012-03-27T21:49:56.350-03:00- Bom dia, amor! Beijo. - Foi assim que ele começou o dia. Deu-lhe um beijo na testa e saiu para trabalhar. Mal sabia que provavelmente não iria mais voltar. O ônibus nam parou para socorre-lo e as pessoas se aglomeraram para ver o acidente.Danilohttp://www.blogger.com/profile/01895402009760827681noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-163826054900094238.post-10443654255470512162012-03-20T19:54:00.002-03:002012-03-20T19:54:43.979-03:0021 anosA primeira vez que a viu foi num café. Magrinha, cabelos negros e jeito de menina. Sentou-se um pouco afastado e observou-a por alguns instantes. Ele era pelo menos uns quinze anos mais velho. Ela devia ter uns 20 ou 21 anos, mas parecia ter bem menos. Fazia frio. Ela usava um sobretudo de couro por cima de um vestido vermelho e uma meia arrastão preta. Botas de cano alto, uma boina na cabeça e luvas grossas para o frio. Bebia um capuccino e de vez em quando olhava o relógio como se estivesse esperando alguém. No dia seguinte ele retornou e a viu novamente. Dessa vez sentou mais perto. Seguiu a mesma rotina por alguns dias, até que ela propositadamente se esbarrou nele, derrubando o seu café. Pediu desculpas e perguntou o que ele fazia todos os dias sozinho naquele lugar. Surpreso com a pergunta, ele respondeu que a observava. Ela já havia percebido. Convidou-o para dar uma volta. Gostava de caminhar no frio. Enquanto andavam, ele falava sem parar sobre seu trabalho e sobre as coisas que gostava de fazer. Ela ouviu atentamente e sempre sorrindo. Passaram por uma praça e enquanto ela sentou em um balanço, encostou-se a uma balaustrada e acendeu um cigarro. Sentou-se num banco enquanto ela vinha correndo em sua direção. – Posso sentar no seu colo? – perguntou. Sem esperar a resposta, sentou. Ele, sem jeito, não sabia o que fazer. Perguntou se ela queria ir até a sua casa e ela aceitou. Chegando lá, ela tirou a jaqueta e deixou no sofá. Pediu para ir ao banheiro e ele indicou o caminho. Foi até a cozinha e preparou uma bebida que tomou de uma só vez. Quando voltou para a sala, viu que a porta do seu quarto estava aberta e dirigiu-se até a entrada. Ela estava olhando suas coisas. Olhou para ele e deu um sorrisinho. Chamou-o para perto e o fez sentar-se na cama. Levantou-se, ligou o som e pôs-se a dançar. Nervoso, mas ao mesmo tempo excitado, não conseguia sair do lugar. Ela o convidou para dançar e tudo que ele conseguiu fazer foi ficar parado à sua frente. Ela então o empurrou contra o guarda-roupas e começou a beijá-lo no pescoço. Ele tentou levantar seu vestido, mas ela impediu com um tapa no rosto. – Quem manda aqui sou eu! – ela disse. Colocou a mão por dentro das suas calças enquanto mordia seu pescoço. Acariciava-o levemente por dentro das calças. Ele não se mexia, tamanho era o seu nervosismo. Alternava entre movimentos leves e frenéticos. Quando percebeu que ele iria gozar, tirou a mão, deu-lhe um beijo no rosto e foi embora.Danilohttp://www.blogger.com/profile/01895402009760827681noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-163826054900094238.post-21550015456857045822012-02-23T11:00:00.002-02:002012-02-23T11:00:56.504-02:00Coisa de criançaEstavam os dois sentados na mesa de um bar no meio da semana. Comemoravam uma conquista que ela desejou compartilhar com ele. Beberam algumas cervejas, conversaram sobre trabalho, família, anseios. Já não sabiam mais um do outro como antigamente. Não eram estranhos, mas a intimidade não era a mesma. A comemoração era por algo que ela sempre desejou e que, quando estavam juntos, ele lhe deu apoio. Ele tentava ler os seus pensamentos e ela tentava entender o porquê de estar ali sentada ao seu lado. Fazia anos que só se falavam cordialmente. Por que aquela vontade súbita de compartilhar suas vitórias com aquele que já não era mais seu? Pediram a conta, pagaram e saíram. Um silêncio constrangedor se conservou durante o trajeto de carro até o bairro onde ela morava. Ao passar por uma rua meio isolada, ele perguntou se ela queria tomar sorvete. Ela aceitou e desceram do carro. Ela pediu de coco e ele de morango com chocolate. – Coisa de criança! - ela dizia. Ele sorriu e disse q só tomava desse sabor. Encostaram-se no carro, que estava estacionado embaixo de uma amendoeira. Coisa de criança, tomar sorvete de tarde embaixo de uma árvore. Ele, sem graça, nem olhava para ela. Conversaram sobre qualquer coisa, só para cortar o silêncio. Ela chegou perto e disse que sua boca estava com gosto de coco. Então, ele a beijou. Um selinho, inocente, só para sentir o gosto. Ela sentiu seu coração disparar. Não esperava que ele tomasse essa atitude. Foram anos de silêncio e de uma hora para outra se via ao lado daquele homem que um dia amou. Pediu para ir embora. Terminaram o sorvete e ao entrar no carro, ele a puxou e lhe deu um beijo longo. Ela retribuiu. Sentiu vontade de rasgá-lo em pedaços. De morder, de arrancar sua roupa ali mesmo. Ele se afastou, ligou o carro e a levou para casa. No caminho ela tentava entender o que era aquilo. Por que depois de tantos anos, voltava a sentir tudo novamente? Ao descer do carro, ficou com a sensação de que deveria ter ficado. Ele, ao ir embora, ficou com a sensação de que não deveria ter partido.Danilohttp://www.blogger.com/profile/01895402009760827681noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-163826054900094238.post-83688072378925144532012-01-31T10:47:00.000-02:002012-01-31T10:47:00.956-02:00O vestido e o vento<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-d0OUUfGApIs/TyfismVV31I/AAAAAAAABpY/7ltb7YEwc48/s1600/vestido.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="320" width="230" src="http://1.bp.blogspot.com/-d0OUUfGApIs/TyfismVV31I/AAAAAAAABpY/7ltb7YEwc48/s320/vestido.jpg" /></a></div>
Desceu do ônibus e parou numa barraca para comprar água. O calor estava insuportável e ela estava morrendo de sede. Pediu uma garrafa grande e um canudo. Bebeu como se fosse a última garrafa de água do mundo. Prendeu os cabelos com os óculos escuros e enxugou o suor do rosto. Ajeitou a bolsa junto ao corpo e foi andando. Começou a bater um vento quente e precisou segurar o vestido para que não subisse. Apertava a bolsa, segurava o vestido e parava para beber mais um gole da água. O vento trazia poeira que entrou em seus olhos. Molhou um pouco a mão e tirou o que pôde da poeira. Colocou os óculos escuros que estavam prendendo os cabelos. Voltou a andar e o vento não parava. Tentou atravessar a rua, mas a avenida estava muito movimentada. Resolveu andar mais um pouco e atravessar pela passarela. Bebeu o resto da água e jogou a garrafa fora. Segurou o vestido com força e subiu a passarela. Lá em cima, o vento estava mais forte e ela se segurava como podia. Sentiu a bolsa vibrando. Era o celular que tocava. Parou, abriu a bolsa e quando conseguiu achar o celular, ele já havia parado de tocar. Colocou novamente na bolsa e voltou a andar. Um grupo de homens vinha em sua direção. A bolsa vibrou novamente e ela parou para atender o celular. Era a amiga com quem tinha marcado de se encontrar no shopping. Estava atrasada. Desligou o aparelho colocou novamente na bolsa. Ao passar pelo grupo, o vento bateu mais forte e seu vestido subiu. Segurou com força e em meio aos comentários dos homens, apressou o passo com raiva do vento e envergonhada pela situação. Seguiu seu caminho sem olhar para trás.Danilohttp://www.blogger.com/profile/01895402009760827681noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-163826054900094238.post-11882275109881712042011-12-28T10:21:00.000-02:002011-12-28T10:28:58.231-02:00O paradoxo do caminhão de lixo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixdHw9TVZZwuq2haxliuaq5OOyu_tzs8Em45ckHBtiQt2a5vyuDx5C5voZzQwGW3xgS8vywbC3WBohZxptTgzBYJ-5jX75m1YCOnjIdOOIS7cwuC-XWwf6QMml-Y3yLlq0r7p3jPfXp2w/s1600/Caminh%25C3%25A3o+de+Lixo.JPG" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="240" width="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixdHw9TVZZwuq2haxliuaq5OOyu_tzs8Em45ckHBtiQt2a5vyuDx5C5voZzQwGW3xgS8vywbC3WBohZxptTgzBYJ-5jX75m1YCOnjIdOOIS7cwuC-XWwf6QMml-Y3yLlq0r7p3jPfXp2w/s320/Caminh%25C3%25A3o+de+Lixo.JPG" /></a></div>
A primeira vez que saíram não foi marcada por um beijo. Estavam voltando da casa de um amigo quando, numa avenida movimentada da cidade, parou ao lado deles um caminhão de lixo. Ele tapou o nariz e ela puxou a gola da sua camisa e começou a cheirar. – Que cheiro bom, dizia ela. Ele, meio encabulado, agradecia o elogio. Com o tempo, os dois se tornavam íntimos e coincidentemente, todas as vezes que saíam, o “maldito” caminhão de lixo estava lá e ela sempre repetia o mesmo gesto de cheirar a camisa dele. Às vezes não só a gola, mas também o pescoço. Às vezes não só um cheiro, mas também um beijo, um suspiro ou uma mordida acompanhavam o seu gesto. Certa vez ele quase bateu o carro, devido à intensidade do cheiro que ela lhe deu. Mas intensa ou não a cheirada, o caminhão sempre estava lá. Criou-se um paradoxo: como algo tão desagradável pode se tornar tão esperado num encontro de um casal? Não importava o motivo para ele. O que importava era que independente do lugar onde eles fossem, haveria sempre a espera do <i>deja vu</i> da chegada do caminhão de lixo para o cheiro no pescoço.Danilohttp://www.blogger.com/profile/01895402009760827681noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-163826054900094238.post-225083497927118412011-12-20T10:59:00.002-02:002011-12-20T10:59:51.538-02:00EstrelasAbriu a porta do quarto e o viu deitado. Havia bebido com as amigas depois do trabalho. Fechou a porta. Usava um vestido soltinho branco batendo um pouco acima do joelho. Tirou a sandália e bem devagar, foi tirando o vestido, sabendo que ele estava olhando. Ficou só de calcinha. Uma calcinha bem pequena, branca, de fitinha nas laterais. Ele a observava sem dar nenhuma palavra. Levantou o edredom e se aninhou junto ao corpo dele, dizendo que só queria dengo, que estava carente. Ele acariciou suas costas levemente e manteve-se assim por alguns instantes, até que começou a beijar seu ombro e foi subindo até a nuca. Ela virou em sua direção e passou a perna sobre ele, encostando ainda mais seu corpo ao dele. Segurou-a com força pelos cabelos e beijou-a na boca. Um beijo quente e molhado. Arrancou de vez sua calcinha e puxou-a para cima de si. Ela cavalgou em cima dele bem devagar até que viu estrelas e sentiu que ia explodir. Após a explosão jogou-se ao lado dele. Tremia e mordia os lábios. Dormiu um pouco e quando acordou, ele não estava mais lá. Levantou-se, tomou um banho e resolveu voltar para a cama para dormir até a hora que seu corpo deixasse.Danilohttp://www.blogger.com/profile/01895402009760827681noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-163826054900094238.post-23833059033279410082011-09-19T21:59:00.003-03:002011-09-20T20:54:20.787-03:00Por que você me ama?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-YwFbT2lXUQE/TnflYC0fYxI/AAAAAAAABnY/PcmlQEqqxyk/s1600/Voc%25C3%25AA%2Bme%2Bama.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="213" width="320" src="http://1.bp.blogspot.com/-YwFbT2lXUQE/TnflYC0fYxI/AAAAAAAABnY/PcmlQEqqxyk/s320/Voc%25C3%25AA%2Bme%2Bama.jpg" /></a></div>
Por que você me ama? – perguntou ela. Ele ficou em silêncio e não respondeu. Deixou-a em casa e foi embora pensando. O que difere uma pessoa da outra? O que faz alguém tão especial a ponto de só nos interessarmos por ela? Os beijos, os carinhos ou a forma de olhar seriam diferentes? Não sabia explicar. Das inúmeras perguntas que ela lhe fazia todos os dias, essa foi mais uma sem resposta. Não porque não queria responder, mas porque não podia. Não sabia como explicar um sentimento. Não tinha condições de responder sem pensar algo muito simples: por que a amava? Essa pergunta ficou martelando em sua mente o resto do dia. Começou a relembrar quando se conheceram. Eram longas conversas no telefone falando sobre o que gostavam e o que não gostavam. Sobre as decepções e alegrias da vida. Sobre o pouco que tinham em comum e o muito em que divergiam. Lembrou da sua risada ao telefone e do choro forçado quando ele dizia que queria desligar. Lembrou que ela sempre derrubava a faca quando saiam para jantar e de como ele ficava tenso ao entrar com ela na seção de taças de cristal em lojas de produtos para o lar. Lembrou que ela via corações em gotas da chuva nos vidros do carro e lembrou do quanto ela gostava de alisar seus pelos do braço enquanto ele dirigia e que ela sempre se atrasava, deixando-o furioso com aquilo. No fim, percebeu que a amava por tudo isso. Por causa dos detalhes que os faziam diferentes e nessas diferenças eles se faziam iguais. Danilohttp://www.blogger.com/profile/01895402009760827681noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-163826054900094238.post-19630781861225248412011-09-07T09:45:00.002-03:002011-09-18T11:10:40.690-03:00Feriado<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/-8zkSFMH-8G8/TmdoaVGA1EI/AAAAAAAABnI/fgceOzuEIRc/s1600/6101136335_54b9eeebcd.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 188px;" src="http://3.bp.blogspot.com/-8zkSFMH-8G8/TmdoaVGA1EI/AAAAAAAABnI/fgceOzuEIRc/s320/6101136335_54b9eeebcd.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5649599059107828802" /></a><br />Acordara cedo demais porque teve insônia. Na verdade nem conseguiu dormir. Ficou a noite inteira se virando na cama. Meio que sonâmbula, levantou-se para se arrumar. Saiu de casa ainda às escuras para pegar o ônibus. Antes de chegar ao ponto choveu. Daquelas chuvas rápidas que só servem pra molhar os sapatos dos desavisados. Pegou o ônibus cheio e foi em pé o caminho todo. Ainda sonolenta chegou ao trabalho, mas estava tudo fechado. Sentou-se para tomar um café e terminar de conferir as aulas que seriam dadas naquela manhã. Passou a manhã toda reclamando do sono e do cansaço. Pelo menos no dia seguinte seria feriado - pensava. Terminadas as aulas, foi para a faculdade. Como era véspera de feriado, tudo estava vazio. Assistiu uma aula e teve duas horas vagas até a próxima. Encostou num sofá e tirou um cochilo rápido. No horário da aula, esperou por trinta minutos e a professora não apareceu. Véspera de feriado - pensou. Voltou para casa só pensando em tomar uma cerveja gelada. Passou no mercado e comprou algumas. Fila enorme para variar. Não entendia como algumas pessoas eram tão lentas para executar tarefas tão simples como passar um cartão de crédito. Chegou em casa tirando a roupa. Tomou um banho frio, vestiu uma roupa velha, abriu uma cerveja e colocou as pernas pra cima. Ficou sozinha sentada, pensando em nada e bebendo a cerveja. À medida que ia fazendo o efeito do álcool, ia relaxando. Começou a rir de si mesma, a essas alturas, bastante alta por causa da bebida. Dormiu ali mesmo abraçada com seus gatos e acordou de manhã leve, pronta para a nova batalha do dia seguinte.Danilohttp://www.blogger.com/profile/01895402009760827681noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-163826054900094238.post-23789958820689622052011-08-27T23:42:00.003-03:002011-08-27T23:56:47.300-03:00O som do silêncioDepois que fechou aquela porta, sentiu-se pela primeira vez só. Sentou-se na poltrona e ficou olhando para o nada por um tempo. Ali, sozinho no escuro, curtiu pela primeira vez o som do silêncio. Danilohttp://www.blogger.com/profile/01895402009760827681noreply@blogger.com3