sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Vingança

Eram 6h15min quando seu ônibus parou no ponto. Como de costume, estava cheio. Ela colocou a bolsa à frente do corpo e foi se espremendo para passar pela roleta. Encontrou um lugar e tentou se segurar ao tempo que o motorista arrastava. Sabia que seriam mais duas horas até chegar ao seu destino. Lá na frente, um homem citava trechos da bíblia. Ao parar no ponto, entrou um ambulante vendendo canetas. Já estava cansada mesmo antes de começar a trabalhar. A dura rotina castigava seu físico e sua mente. Desejou estar em casa, deitada em sua cama, enrolada nos lençóis. Mas não tinha o que fazer e afastou esse pensamento. O ônibus parou em outro ponto e mais pessoas entraram. Uma criança vomitou no banco de trás e o cheiro, misturado com o calor, era cada vez mais insuportável. Uma mulher entrou e se alojou ao seu lado. Tentando marcar território, enterrou o cotovelo em suas costelas. Olhou feio, mas como não queria briga àquela hora da manhã, não disse nada. A mulher, como se notasse a sua irritação, empurrava-a cada vez mais para o lado. Mudou de lugar e, ao se instalar no novo canto, vagou um lugar bem à sua frente. Encarou a mulher que a empurrara e sentou-se. Estava vingada.

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