segunda-feira, 11 de junho de 2012

Não, ninguém quer!

Ele já estava no ponto há quase uma hora quando o ônibus chegou. Não estava muito cheio, mas todos os lugares estavam ocupados. Como já era previsto, ninguém pediu para segurar sua mochila. Ficou em pé, próximo à porta de saída. Estava exausto. O dia havia sido cheio. O ônibus parou em outro ponto e entrou um ambulante que dizia: - Pessoal, desculpe incomodar o silêncio da viagem de vocês. Estou aqui com o passatempo da viagem. É cinqüenta centavos! É três por um real ou um vale transporte. É QUA-LI-DA-DE! Não deixem de comprar. Sabia que o rapaz estava trabalhando, mas encontrava-se tão cansado que não suportava aquele falatório. Não tinha mais paciência. Só queria chegar em casa. Quanto mais tentava abstrair, mais alto o vendedor falava. Foi quando um homem que estava sentado em um dos acentos preferenciais começou a gritar: - Não, ninguém quer! Não, ninguém quer! Não, não, não, não, não, ninguém quer! Não, não, não, ninguém quer! Chega de tanto querer! E expulsou o pobre do ambulante de dentro do ônibus.

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