terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O vestido e o vento

Desceu do ônibus e parou numa barraca para comprar água. O calor estava insuportável e ela estava morrendo de sede. Pediu uma garrafa grande e um canudo. Bebeu como se fosse a última garrafa de água do mundo. Prendeu os cabelos com os óculos escuros e enxugou o suor do rosto. Ajeitou a bolsa junto ao corpo e foi andando. Começou a bater um vento quente e precisou segurar o vestido para que não subisse. Apertava a bolsa, segurava o vestido e parava para beber mais um gole da água. O vento trazia poeira que entrou em seus olhos. Molhou um pouco a mão e tirou o que pôde da poeira. Colocou os óculos escuros que estavam prendendo os cabelos. Voltou a andar e o vento não parava. Tentou atravessar a rua, mas a avenida estava muito movimentada. Resolveu andar mais um pouco e atravessar pela passarela. Bebeu o resto da água e jogou a garrafa fora. Segurou o vestido com força e subiu a passarela. Lá em cima, o vento estava mais forte e ela se segurava como podia. Sentiu a bolsa vibrando. Era o celular que tocava. Parou, abriu a bolsa e quando conseguiu achar o celular, ele já havia parado de tocar. Colocou novamente na bolsa e voltou a andar. Um grupo de homens vinha em sua direção. A bolsa vibrou novamente e ela parou para atender o celular. Era a amiga com quem tinha marcado de se encontrar no shopping. Estava atrasada. Desligou o aparelho colocou novamente na bolsa. Ao passar pelo grupo, o vento bateu mais forte e seu vestido subiu. Segurou com força e em meio aos comentários dos homens, apressou o passo com raiva do vento e envergonhada pela situação. Seguiu seu caminho sem olhar para trás.

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